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sábado, 18 de abril de 2015

Prosa e poesia: Não sou daqui



A chuva caí a noite e me conforta
É uma sensação deliciosa
Sentado no escuro
Na poltrona da sala de estar
Somente observando o cair dos pingos através da enorme vidraça.
A chuva é uma dádiva dos céus de aroma refrescante de inegável carisma. Mas as pessoas não gostam de chuva, não gostam de se molhar, não conhecem o sabor de viver diferente. As pessoas passam a repetir fórmulas de viver, imitar alguém que se admira, parecem temer o diferencial, o novo, o desconhecido. Elas passam a nadar na mesma direção, sendo guiados pela correnteza. Sendo assim é considerado louco todo aquele que nada contra a correnteza.
O mundo de corações vazios e iludidos
O mar de almas mortas
Chama-me de louco
E isso me agrada
As luzes do apartamento estão desligadas, são 4 horas mesmo? Todos dormem perdendo a oportunidade de aproveitar mais alguns segundos da curta vida que nos resta. Será que conhecem o sabor da solidão noturna? Talvez não, talvez seja a razão de tanto descaso com as experiências únicas que passam despercebidas todas as noites.
A pequena fumaça da xícara acaricia-me o rosto. Levantar dos braços e um segundo gole, o café e leite pela metade. No beber constante do líquido quente, não fervente, posso ouvir o som do silêncio, a magia da solidão e o desejo falando em meus ouvidos:
“Falta algo”
O que falta?
Talvez seja o simples desejo de querer compartilhar essa sensação com mais alguém. Talvez seja o desejo de não ser o único no mundo.
Existe mais alguma pessoa sentada na sala observando a chuva cair de noite? Dúvida cruel.
...
 As nuvens ganham nova forma, o céu mudou de cor
A cidade diferente, sem carros e sem gente
Prédios destruídos, rios a minha frente
Os pés pisam, os sapatos molham
Os cosmos e as estrelas misturam-se à cidade
Eis o cenário quase apocalíptico
Ou já seria o próprio caos?
Essa realidade ilusória é tão real
Meus dedos tocam
Meus olhos veem
Meu ouvido escuta
Meus sentidos sentem
Só existe uma coisa ruim em sonhar: ter que acordar.

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