Translate

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O terror de um drama familiar em forma de telas - análise de Layers of fear


Obsessão, decepção e rancor são as palavras que norteiam o assombroso drama de Layers of fear.

"todo retrato pintado com sentimento é um retrato do artista e não do modelo"
A frase de Oscar Wilde que dá início ao jogo é a completa definição do que trata a obra: o artista e sua forma de materializar a própria alma. Os sentimentos, as lembranças e as cicatrizes tomam a forma de pinturas, mas quem está sendo pintado no quadro? O que está sendo pintado no quadro? Para isso precisamos saber quem é o artista, qual sua história e quais são seus pensamentos. Layers of fear é um jogo que conta um drama familiar traumático de um artista obcecado.


Em primeiro lugar, eu gostaria de declarar que fiquei apaixonado pelo jogo após encerrá-lo. Eu confesso estar exausto de jogos/filmes/contos de terror que seguem sempre o mesmo padrão (é entendiante, não acha?), Layers of fear é um jogo que trabalha todo medo de forma diferenciada (até na forma de jogar) e traz consigo uma história simples contada de uma maneira interessante. E EU como amante de um bom drama e entusiasta do terror, não poderia deixar passar essa oportunidade por mim (digo, oportunidade de levar bons sustos e conhecer uma nova história).
E confesso: teve trechos que eu fiquei realmente arrepiado.


O jogo trabalha o medo de forma interessante utilizando a ambientação como arma principal, variando de lugares calmos e tristes à extremamente hostis e medonhos. Vale ressaltar a riqueza visual: o jogo conta com ambientes extremamente criativos e vários quadros maravilhosos e enigmáticos (sempre achei que pinturas e terror fossem uma boa combinação, Layers of fear exemplifica o quanto isso dá certo). Outra grande arma desse terror é o áudio que também é maravilhoso e muitas vezes me deixou bem neurado, possuindo uma trilha sonora convidativa desde o primeiro contato (não tão convidativa assim depois kkk).

O que me manteve jogando até o fim foi a curiosidade, afinal, a história do jogo é contada em mil e um pedaços dispersos: cartas, bilhetes, pedaços de jornal, objetos que trazem à tona a memória do pintor, desenhos na parede e etc. Para entender o enredo é preciso ter muita atenção aos detalhes e esse é um jogo cheio de detalhes. Confesso que sou daqueles que passa reto por um corredor sem checar nada, mas a curiosidade me manteve vasculhando os ambientes pelo qual eu passava para entender o que havia ocorrido.

E o que havia ocorrido?

Essa é a pergunta chave do jogo que não dá nenhuma conclusão pronta para o jogador. Jogar Layers of fear é como ler um livro cheio de detalhes implícitos que precisam ser conectados mentalmente (que não é nenhum sacrifício dado a simplicidade da trama).



Um dos cenários belos do jogo

A imersão do jogo é absurda, o enredo intenso (que pede não só para ser observado, mas vivenciado) retrata em diferentes camadas (layers) o drama do indivíduo para com sua obra e vida pessoal, há uma correlação entre o desandar dos trilhos e a perca de direção nos dois caminhos. Camadas de problemas se tornando cada vez mais profundos, dores que vão ficando cada vez maiores. O jogo apresenta a semente da autodestruição do protagonista e o crescer dessa árvore maldita até frutos que ele chega a colher.

Sabe aqueles filmes que você assiste e precisa discutir sobre aquilo que foi discutido na tela da TV? Layers of fear não é muito diferente, não há "ponto incial" e nem "ponto final". Há somente uma obra para ser vivida, pensada e discutida.

Eu recomendo e muito esse jogo, os controles são simples de forma que qualquer um possa jogar, têm legendas em português e não se estende mais que sete horas. É uma experiência que vale a pena conhecer (caso você não tenha problemas cardíacos kkkkkkkk).

Nenhum comentário:

Postar um comentário